quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A Incrível História de Papai Noel

"Botei meu sapatinho na janela do quintal
Papai Noel deixou meu presente de Natal
Como é que Papai Noel não se esquece de ninguém
Seja rico ou seja pobre, o velhinho sempre vem"



Não sabe cantar essa canção? Alguém mais velho, ao seu lado, com certeza saberá e acabará recordando antigos natais. Lembranças de um tempo em que as crianças costumavam pôr um sapato na janela, à espera do presente trazido pelo Papai Noel. Na época, a garotada fazia brincadeiras, dizendo que o presente não chegaria se o calçado tivesse chulé. Também se falava para não bobear porque um ladrão poderia passar e carregar o sapato, deixando o azarado sem presente e, ainda, descalço! Piadas a parte, todo mundo se perguntava e ainda se pergunta: como surgiu o Papai Noel?

Se alguém perguntasse a você quem é o Papai Noel, qual seria a sua resposta? Provavelmente, você falaria que ele é um velhinho barbudo e gorducho, que, dizem, mora no Pólo Norte e, na noite de Natal, sai distribuindo brinquedos para as crianças de todo o mundo a bordo de seu trenó puxado por renas. Acertei?

Na imaginação da maioria das pessoas, assim é o Papai Noel. Mas você sabia que o bom velhinho que conhecemos hoje é uma figura que surgiu com o passar de muuuuito tempo e que reúne características de personagens históricos ‐ pessoas que viveram de verdade! ‐ e de mitos ‐ personagens imaginários ‐ antigos à beça?

Pois é verdade. Analisando o Papai Noel, vamos perceber que algumas das suas características estão ligadas a uma divindade chamada Thor ‐ o deus dos trovões ‐, a um festejo romano de fim de ano ‐ o Sol Invictus (Sol Invencível) ‐ e a um bispo que virou santo: São Nicolau! O bom velhinho é um novo personagem que vai tomando forma ao longo de séculos e séculos e reúne um pouco de cada um desses três elementos.

Um deus, um festejo, um santo
Mas se você nem imagina o que Papai Noel pode ter a ver com o deus dos trovões deve ser porque não conhece bem essa divindade: adorado pelos mais antigos povos escandinavos, Thor, segundo diziam, vivia no Pólo Norte, como o Papai Noel dos dias de hoje. Grande, usava barba, andava em uma carruagem puxada por bodes, possuía um cinto de poder e um martelo, sua arma contra todas as coisas, características que, de certa forma, podemos encontrar no Papai Noel.

Como Thor, o bom velhinho é barbudo, usa um cinto ‐ embora sem poder algum ‐ e não é nenhum franzino: é grande e gordo. Além disso, carrega consigo um cajado, que, na interpretação de alguns estudiosos, pode ser visto como uma nova representação para o martelo, assim como a carruagem levada pelos bodes de Thor pode ser a origem do trenó puxado por renas do Papai Noel. 

Thor era idolatrado por ter lutado contra o gelo e vencido. Nesse sentido, ele simbolizava para os antigos povos escandinavos o que chamamos de solstício de inverno: a noite mais longa do ano no hemisfério Norte. Depois dela, os dias se tornam pouco a pouco mais compridos até a chegada do verão, indicando, portanto o término de um grande período de trevas e de infertilidade. O dia exato do solstício de inverno varia de ano para ano, ficando entre 21 e 22 de dezembro, e, na Roma do século 4, era a razão para que um grande festival ocorresse: o Sol Invictus (Sol Invencível). A idéia de luta e vitória contra o inverno e suas privações ‐ presente na figura de Thor para os povos escandinavos ‐ era a base dele, que acontecia exatamente no dia 25 de dezembro!

Na história de Papai Noel, no entanto, o século 4 precisa ser lembrado não só pelo Sol Invictus, mas também porque foi quando nasceu, na Ásia Menor, um menino que virou santo: São Nicolau. Protetor das crianças, muitas das características atribuídas a ele no passado podemos encontrar hoje na figura do Papai Noel, assim como passagens da sua história lembram as do bom velhinho.

Conta uma história, por exemplo, que Nicolau nasceu em uma família rica, mas que tinha vizinhos pobres. Chocado com a situação dos que viviam ao seu lado, ele encheu um saco com moedas de ouro e jogou pela janela da casa do vizinho. A situação melhorou e, quando o dinheiro acabou, Nicolau repetiu o seu feito. Encucado, o chefe da família decidiu descobrir quem era o seu bem-feitor. Escondido, esperou por vários dias até descobrir que Nicolau era a pessoa caridosa que o ajudava, justamente no momento em que ele jogava mais um saco com moedas na casa, fazendo um pouco de barulho. O futuro bispo e santo, porém, pediu ao homem que nunca revelasse o que ele havia feito.

Um homem generoso, que deixa presentes para os outros, sem ser visto... Isso lembra ou não o Papai Noel? Se você acha que sim, então, ouça mais essa: no passado, havia o costume de deixar pequenos presentes nos sapatos das crianças na noite de seis de dezembro, dia de São Nicolau, para que elas pudessem pegar no dia seguinte. Agora, lembre da canção que você conheceu lá no início do texto. Sapato, São Nicolau, Sapato, Papai Noel. Viu como está tudo ligado?

Bom, agora que você sabe de tudo isso, vamos ficar combinados assim: na noite de Natal, não deixe de espalhar pelos quatro cantos tudo o que você descobriu sobre o bom velhinho! Com certeza, será um presentão para toda a família!
Por: Lolita Guimarães Guerra, Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Mara Figueira, Instituto Ciência Hoje/RJ
Publicado em 15/12/2004
Revista Ciências Hoje - Edição 153

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